Saturday, April 23, 2005

Shall we chat?

Desistências 1
(…)
Bocados... Fisicamente foi a mulher mais completa que vi até hoje.
Bocados... É perfeita!

JBB... E o resto, não?
JBB... Sim porque físico só não chega...
JBB... É muito bonito, mas...
Bocados... O resto? Que resto?! Mas há mais alguma coisa para além disso nas mulheres?
JBB... Ai que carago, vamo-nos chatear!
Bocados... É verdade... Tu sabes que não há mulheres bonitas e inteligentes... seriam homens.
JBB... Bem, bem, também não se pode ter tudo: bonita, jeitosa, boa dona de casa, boa mãe... Dasssse, és exigente como o carago!
JBB... Se ela tiver uma cabecinha mais ou menos no sítio, já não é muito mau.
Bocados... Aí está... Acabas de admitir... “Cabecinha mais ou menos”. Vocês e esses diminutivos fáceis de alcançar.
Bocados... Isso não é inteligência!

JBB... Nem sempre quem é inteligente tem a cabeça no lugar.
JBB... Pode ser inteligente e ser uma aluada do caraças.
Bocados... Mas existem sem serem aluadas?
Bocados... Tens cada uma!
Bocados... Dizer que uma mulher pode ser aluada é estar a ser-se desnecessariamente redundante.


( Desistiu :-( )


Desistências 2
(...)
Bocados... A sério!
Bocados... Fui fazer um electrocardiograma.

SMA... Estás doente?
Bocados... Não, acho que não...
Bocados... Mas não gostei da cara da médica.

SMA... Foste fazer um check-up? Não é normal os gajos fazerem exames assim tão facilmente :-)))
Bocados... Fui porque pedi.
Bocados... Não gostei da cara da médica que me fez os exames.

SMA... Porquê?
Bocados... Não era grande coisa de cara.
SMA... :-)
SMA... Ok.
SMA... Quando saem os resultados?
Bocados... Já saíram...
Bocados... Não estou grávido!
Bocados... Agora a sério... Estou com um bocado de receio de os mostrar à minha médica.

SMA... :-)) MARIQUINHAS!
SMA... Não vai ser nada.
SMA... Sentiste alguma coisa diferente?
Bocados... Não...
Bocados... Quer dizer... Sinto cansaço quando estou a fazer amor.
Bocados... Estou cansado da mesma gaja.
SMA... Palhaço!
Bocados... É todos os dias os dias a mesma coisa...


( Desistiu :-( )

Tuesday, April 19, 2005

Agora, à distância crua dos dias, chego à triste conclusão de que não fui mais que um inquilino do teu corpo.

Friday, April 15, 2005

Ninguém come ninguém, nem mesmo quando está a comer.

A Mesma Hora

À mesma hora, o mesmo rosto caído, aquele olhar que um dia quiseste eterno. O mesmo movimento de um jovial cansado, a mesma alma cordial com assentir submisso. O mesmo dia todos os dias. Todos os dias o mesmo dia à mesma hora.
À mesma hora em ti o mesmo suplício, a mesma subida, as árvores incorporando a mesma velhice, o verde resplandecente da erva daninha afirmando que tudo, tudo sem excepção, se transforma. À mesma hora os mesmos animais seguindo as mesmas rotinas de sobrevivência. Os mesmo pássaros ou os mesmos filhos de pássaro servindo-se dos mesmos ninhos, as mesmas ovelhas entretendo-se a devorar a fome, as mesmas lagartixas absorvendo o mesmo sol, os mesmos cães vadiando comida, os mesmos homens e mulheres caminhando a morte.
À mesma hora, todos os dias, a mesma inquietação quando o momento se atrasava um momento. À mesma hora eu passava, enquanto os dias passavam, por ti.
...
A uma mesma hora num outro mesmo lugar és já uma mulher madura. Sempre à mesma hora, o mesmo rosto atento, aquele sorriso que governa o mundo. O movimento agora artificializado pelo carro mais feminino do mercado. Um feminino clássico, fino, lindo, senhorial. Passas por mim a essa mesma hora nesse outro mesmo lugar como eu passava por ti no momento em que o rosto te era caído. A inquietação é, agora, talvez, somente minha.
És talvez casada. Tens talvez um filho, ou dois, ou três. Um filho e duas filhas. Dois casais. Um cão e um gato. Dois cães e um gato. Irra!, dois gatos e um cão. Muitos carros ainda mais femininos, anfíbios, todo-o-terreno. Motas de pista e de água. Barcos movidos por velas. Um pequeno avião. Uma cozinha que não tens o prazer de usar. Muitas cozinhas que não tens o prazer de usar. Uma sala de campo, na praia, na cidade. Um motorista e um jardineiro. Uma esteticista e uma cabeleireira que fecham o estabelecimento pelo prazer de te receber.
Conservas talvez uma ou duas amizades femininas da infância, vedando-se as outras por não se conseguirem suster. Ouves toda a música que há para ouvir. Compras toda a roupa que consegues vestir. Sapatos sapatas, chinelos chinelas, botas botas botas botas! Frequentas todos os bares que consegues suportar.
És talvez divorciada mas continuas a ter o mesmo número de filhos, de gatos e de cães. Continuas a ter o sorriso que manda no mundo.
És talvez solteira mas continuas a ter o mesmo número de filhos, de gatos e de cães.
És, talvez, feliz...
Os momentos de todas as horas de todos os lugares, esses, são, agora, só meus.

Tuesday, April 12, 2005

Estava um sol maravilhoso... Não têm sorte nenhuma!
Está um sol maravilhoso em Paris.

Saturday, April 09, 2005

Estádio D. Afonso Henriques

Guimarães, Portugal

Em quase todos os momentos realmente importantes há sempre algum palhaço a meter-se no nosso caminho. Desde muito cedo aprendi que a cada obstáculo devemos aplicar um tratamento específico. Desde cedo, muito cedo, me ensinaram o jogo de cintura necessário para os contornar. No entanto, por vezes, há obstáculos que não podem ser contornados... a esses, temos que lhes passar por cima...

Ao obstáculo da imagem comecei por pensar aplicar-lhe um cachaço segundos antes de visualizar a protecção que ele trazia ao pescoço. Depois, subi um pouco para iniciar o movimento do estalo na cabeça. Retrocedi quando vi a minha mão reflectida, de forma disforme e em tons de azul marinho, em tão estranho objecto reflector. Não desisti. Há obstáculos que são para serem tomados de frente! Desci bastante na tentativa de lhe dar com uma biqueira de aço nas canelas. Que nada... Aquilo era material muito mais duro que o aço e, para meu espanto, trinta vezes mais flexível. Bem, não havia mais que fazer... Nestas situações, onde nada mais há a argumentar, deve usar-se o movimento do desespero de causa: Peito do pé nos tomates.
Doeu! Juro que doeu! Dizem que os gajos andam de coquinha ou o raio que os parta.
Depois vieram as bastonadas. Uma, duas, três! Fiquei com as costas axadrezadas.

Há obstáculos assim, difíceis de serem contornados... Penedos com vida!

O meu amigo CC recomenda...

I Am Falling Now

There is no ending to this life
That I've to live with endless sighs
Oh, can't you see I'm falling now?
Oh, could you hear these words somehow
But I can see the sadness in your eyes
And I can see the sadness in your smile
Hold me now
Heal my wounds
Hold me like you did
There is no ending to this life
That I've to live with endless sighs
And all I know is that my head is gone
And I am falling now
(You don't miss me
You don't love me anymore
You don't need me)

Maximilian Hecker

Thursday, April 07, 2005

Uma medida para Portugal

Bologna, Itália

Portugal sairá da crise quando os portugueses, à semelhança de outros povos europeus, trocarem os carros pelas motorizadas (já não estou a dizer pelas bicicletas a pedal, porque, pelo menos no Norte, o terreno é demasiado acidentado). A motorizada em alguns países europeus é uma economia de tempo (filas, estacionamentos, outros) e dinheiro (menos “cavalos para alimentar”, menos seguro, manutenção e estacionamento para pagar). Ora, se se economiza tempo e dinheiro mais destes dois itens sobrará para ser “desperdiçado” com as coisas boas da vida.

Enquanto fazia a dissertação em volta dos factores positivos de uma atitude como esta, lembrei-me o quão difícil é imaginar um doutor (português) de gravata montado numa motorizada. Depois pensei: É difícil de imaginar, que fará de implementar!


Monday, April 04, 2005

QUERO

Quero mover-me na imobilidade da minha vida.
Quero existir sem que alguém note que existo.
Quero viver não vivendo realmente.
Quero morrer e que me julguem eternamente vivo.
Quero viver a vida que não consigo.
Só preciso da força,
Da força que me mantém vivo,
Para começar a viver os meus sonhos
E deixar de sonhar a minha vida.

Friday, April 01, 2005

QUERIA

Como eu queria ser ar!...
Invisível, incolor, sem cheiro,
Sem gosto, sem ruído, sem forma.
Existir por toda a parte,
Com toda a força e quantidade.
Ser só ar para agir, mas sem interferir.
Ser só ar para tocar, mas sem modificar.
Ser ar para ver as pessoas a pensar.
Ser ar para me aperceber se sou ou não vulgar.
Ser ar para analisar que não sou inferior
Ser ar para sentir que também tenho valor...
Depois..., poderia deixar de ser ar...

Hoje é dia 1 de Abril

HAJA O QUE HOUVER

Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
Eu espero por ti
Volta no vento

Oh! meu amor…
Volta depressa
Por favor
Eu sei

Quem és pra mim
Haja o que houver
Eu espero por ti
Há quanto tempo

Eu já esqueci
Por que fiquei
Tão longe de ti
Cada momento

É pior
Volta no vento
Por favor
Eu sei

Quem és pra mim
Haja o que houver
Eu espero por ti

Pedro Ayres Magalhães
(Madredeus
)